Estimativa da área e do tempo de permanência da vegetação secundária na Amazônia legal por meio de imagens Landsat/TM
A vegetação secundária, formada pela regeneração natural de áreas desmatadas e posteriormente abandonadas, tem diversas funções relevantes à ecologia da paisagem em que está contida, tais como a fixação de carbono atmosférico, a manutenção da biodiversidade e da conectividade entre remanescentes florestais e a recuperação da fertilidade do solo. Esta última função é aproveitada em sistemas agrícolas de baixa tecnologia para a reutilização da terra que apresenta redução na capacidade de suporte após alguns anos de uso agrícola. Na região amazônica há evidências de que a biomassa, a taxa do desenvolvimento e a permanência da vegetação secundária podem estar associadas ao tipo de uso da terra e também aos estágios de consolidação da fronteira agrícola. O objetivo desta dissertação é, através da análise destas associações por uma abordagem amostral, estimar a área ocupada por vegetação secundária na Amazônia Legal Brasileira (AML) em 2006, caracterizar a sua distribuição espacial e determinar o seu tempo de permanência. O esquema amostral baseia-se em uma abordagem estratificada segundo o grau de desflorestamento observado nas 229 cenas LANDSAT-TM que recobrem a AML e foi desenhado para manter o erro da estimativa de área de vegetação secundária abaixo de5%. Deste modo foram selecionadas 26cenas em quatro datas (1997, 2000, 2003 e 2006), distribuídas em sete estratos conforme o percentual de desflorestamento (0-1%, 1-5%, 5-10%, 10-20%, 20-30%, 30-55% e mais de 55%) nas quais foram mapeadas as áreas de vegetação secundária. Foi desenvolvido um modelo de regressão para estimar a área de vegetação secundária nas demais imagens utilizando como variáveis independentes a área de desflorestamento e a área representada como hidrografia (corpos d’água e áreas de inundação) no mapa do PRODES, dados de estrutura agrária produzidos pelo IBGE indicando o grau e tipo de uso da terra nas cenas e áreas das unidades de conservação disponibilizados pelo IBAMA, indicando o grau de áreas preservadas dentro das imagens. A análise de regressão encontrou um R2ajustado de 0,84 , e coeficientes positivos para a proporção de hidrografia na imagem (2,055) e para a estrutura agrária (0,197), e coeficientes negativos para o grau de desflorestamento na imagem (-0,232) e para a proporção de Unidades de Conservação na imagem(-0,262). Usando o modelo de regressão multivariado de regressão foi estimada uma área de 131.873 km2de vegetação secundária para o ano de 2006. Aplicando uma simulação de Monte Carlo estimou-se uma incerteza de aproximadamente ±12.445 km2para a estimativa da área, que variou entre 121.722 e 145.608 km2. A permanência da vegetação secundária foi representada pela meia-vida da linha de tendência exponencial ajustada à curva de decaimento da proporção de floresta secundária observada em 1997 nas datas subsequentes em cada um dos extratos, ponderada pela área de vegetação secundária estimada dos extratos.Obteve-se uma estimativa de meia-vida de 4,9 anos para a vegetação secundária.